O Profeta João Batista - Hagio Literatura - Contos - Antonio Carlos Rocha
Era um ser iluminado, vivia com muita simplicidade, às margens do Rio que batizou Jesus. Eram primos, da estirpe divina.
Sua residência era um eremitério. E na noite anterior ele sonhou que muitos anjos, arcanjos, serafins, querubins chegavam para ficar com ele. Satisfeito com tantas visitas honrosas perguntou:
- Amigos e irmãos, a que devo a honra de tão nobres Seres.
- João – respondeu o que parecia ser o líder – O Senhor nos enviou para ficar com você nesses momentos finais.
Então o profeta entendeu que estava na hora de desencarnar. Ficou em silêncio e o chefe daquele pelotão de anjos continuou:
- Não temas, estaremos com você para este momento de transição.
Pela manhã chegaram os soldados. O comandante do destacamento, visivelmente triste disse:
- Prezado Profeta, eu sei que você é um homem bom, mas recebi ordens para levá-lo ao palácio. Eu sinto muito.
João Batista levantou-se sereno e acompanhou os soldados. Em lá chegando, foi encarcerado com as mãos amarradas. Vendaram-lhe os olhos. O carrasco aproximou-se:
- Não tenho nada contra você, apenas cumpro ordens.
Neste momento uma legião de Luz envolveu nosso amigo e irmão profeta. Como se fosse uma anestesia aplicaram-lhe passes, imposição de mãos e João Batista ficou sonolento, desacordado, sedado. Já não era mais Ele quem estava ali. Os algozes pensaram que o profeta havia desmaiado, mas o corpo já estava sem vida.
Arrastaram até um tronco no meio da cela e com uma machadada o decapitaram. Levaram a cabeça para o rei que havia ordenado o crime, atendendo a petição de sua amante.
Quando o Espírito saiu do corpo de João Batista os anjos e seres de Muitas Luzes estavam a seu redor, amparando-o das mais diversas formas para que não sentisse dores.
Do outro lado desta dimensão material falou-lhe um dos anjos:
- Fique tranqüilo, você não sentiu dores. Agora vai descansar, dormir por um bom tempo, até que recobre as energias desta virada de Estado físico para o Estado Espiritual.
O corpo de João Batista foi sepultado pelos soldados em local na floresta para que ninguém encontrasse.
No banquete palaciano a dançarina que encantara o rei, entregou a cabeça para sua mãe, a verdadeira assassina. Depois esta cabeça foi também sepultada em outro lugar.
Oremos por todos e todas envolvidos neste cruel acontecimento.